Iniciei meus estudos aos sete anos de idade. Lembro-me da primeira
aula, pois fiquei encantada com a “Abelha A” da cartilha Caminho Suave com a
qual fui alfabetizada. Ficava esperando a próxima aula, já que sequer podíamos
folhear a cartilha; a professora proibia de vermos o que vinha pela frente, e
nós, pobrezinhos, respeitávamos com afinco. Adorei aprender ler, mas no
primário não tenho recordações de ter lido livros inteiros, de tê-los
manuseado... a não ser a enciclopédia adquirida por meu pai para ajudar
nas pesquisas que eram pedidas pelos professores. Essa sim, acho que li quase
completamente, adorava saber das coisas. Para mim tudo estava na enciclopédia.
A partir da quinta série, a professora Terezinha ensinou-nos a
resumir, primeiramente histórias, depois livros, e levou-nos para conhecer a
biblioteca que eu nem imaginava que a escola possuía. Fiquei completamente
seduzida por aquela variedade de títulos e formatos de livros.
A professora sugeriu-nos os livros da coleção Vagalume, comecei
pelo Cachorrinho Samba. Após o primeiro bimestre, permitiu nossa ida à
biblioteca em período contrário às aulas, nunca mais parei de ler. Adorava
escolher os formato de bolso, mais fáceis de levar para onde quisesse: Beleza
Negra, O Jardim Secreto, Tubarão, Os Sobreviventes dos Andes, Vinte mil Léguas
Submarinas, títulos que me chamavam a atenção.
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